sábado, 16 de agosto de 2014

Homenagem a Rubem Alves

Plantarei minha árvore

            Cantarei minha esperança.
            Pensarei que o primeiro a plantar uma árvore à cuja
            sombra nunca se assentaria foi o primeiro a pronunciar
            o nome do Messias.
            Algum dia o poder será dado à ternura.
            Venha,
            plante
            uma
            árvore
            comigo...
                                               (Rubem Alves)



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

       
       Galpãozito


Livro: II Antologia Crioula de Poetas Lageanos


Autor: Renan de Córdova Melo


Galpão, mundo encantado

Onde profecei meus sonhos

Ali onde piás tristonhos

Desabafaram em mil artes.

Ali, dividi em partes

O que seria meu rumo

Onde decidi meu prumo

Fazendo da vida, apartes.

Pedaço de chão coberto

Quatro cantos, quatro esteios

E um maior bem no meio

Pra moldes de sustentação,

Onde desengana-se redomão

Atadito pelo queixo e bucal.

E um fogo como castiçal

Pra norteio de cada peão.

Galpão das horas mortas

Silêncio de inverno te invade.

Se um cusco ali faz alarde

Pressentindo algum vivente

Em busca de clima mais quente

Que esse vento frio na cara

E a fumaça subindo rara

Parecendo a alma da gente.

Local das rodas de mate

Em horas em que descansa,

Parece que a vida amansa

Com calor de fogo de chão.

Te aquietas, resignação

Após balbúrdias de inferno

Não deveria existir inverno

Se não houvesse galpão.

Na troca de idéias raras

Reanimam-se os campeiros.

Local onde os primeiros

Recolhiam-se das conquistas

Pra descansarem as vistas

Depois de tanto andar.

Na noite pareces altar

Com tuas luzes benditas.

Galpão, resumo de campo

Oficina rude dos campeiros

Onde em pealos certeiros

Reativa-se a memória.

Galpão que viu tanta glória

Desfilar por este chão

Sinônimo de tradição

Pedaço da nossa história.



          Mulher Serrana

Por Ulisses de Arruda Córdova


(Às heroínas anônimas de nossa formação)



Origem!? Diversas descendências...

Bem diferentes nas fisionomias

derivando de múltiplas etnias,

como a que veio dos Açores

(amantes da paz e flores)

que chega à Laguna pelos ventos

sobe pela estrada dos conventos,

e fixa-se no planalto e arredores

Também paulistas e bandeirantes

de outras regiões lusitanas

trazendo escravas africanas

vem para os rincões serranos

repelir invasores e castelhanos;

Porém se a estrangeira madruga

aqui já estava a nativa bugra

vivendo entre povos haraganos.

"Da miscigenação destas raças"

nasce o perfil da mulher serrana

definindo o fenótipo que emana

o amor à terra e a liberdade;

ensimesmada em mística bondade

faz história na solidão da prece,

no anonimato luta, fia e tece


NA INVERNADA DOS FARRAPOS


Na *Invernada dos Farrapos, há um cerro com vista longa,

Onde a batida da milonga é plangente nos corações!

Estandartes, pavilhões, em trapos, porém fulgentes,

E a alma da nossa gente tremulando nos brasões!



Capão grande, guarnecido por canelas e pinheiros,

Dentro dele um potreiro e taipas feito trincheiras;

Muita caça, gado alçado e pra fome de liberdade,

A honra e a fidelidade pra com as cores da bandeira!



Garibaldi e Teixeira à frente dos lanceiros negros

Dando a vida pelo apego e por um ideal na guerra!

Centauros brotam da terra e um brado forte proclama

A República Lageana, nos altiplanos da serra!



Ginetes das serranias, fortes como *Bois de Botas,

Entre varzedos e grotas, do império não foram escravos!

República fez-se em Lages! Glória no Santa Vitória!

Enaltecendo a história e a altivez de um povo bravo!



Nestes rincões de Anita, velho chão de todos nós;

A fibra dos bisavós foi legada à descendência,

Viva no modo e na essência – austeridade de um povo –,

Mas que peleia de novo na defesa da querência!



Na invernada dos farrapos, algum fantasma guerreiro,

De um boleador e lanceiro, que não sabe que morreu,

Cuida a linha do horizonte, que vem do *Santa Vitória,

Com invisíveis esporas nas horas santas de Deus...



Quem apeia pelo capão e longe alcança a vista,

Passa a alma em revista, e vê gaúchos em trapos!

Sentimento irretratável, que persiste ao tempo novo,

Dorme a história do meu povo na invernada dos farrapos.



*Invernada dos Farrapos: Nomenclatura dada a uma área de campos na localidade da Coxilha Rica, município de Lages SC, local de acampamento e combate das tropas republicanas, contra as tropas imperiais, durante a Revolução Farroupilha.

*República Lageana: simpática a causa republicana a região dos Campos de Lages, participa ativamente contra as forças imperiais, sendo proclamada no ano de 1839 a República Lageana.

* Bois de Botas: Elogio dado por Davi Canabarro ao destacamento de lageanos pela demonstração de força ao desatolar pesados canhões de um banhado.

* Santa Vitória: Passo no Rio Pelotas entre SC e RS onde se travou combate com vitória dos republicanos.



Melodia de Érlon Péricles, Cristiano Quevedo e Elton Saldanha – 3º Lugar e melhor tema sobre a região serrana Sapecada da Canção Nativa Lages SC

Ramiro Amorim

Publicado no Recanto das Letras em 10/08/2008

Código do texto: T1121736


Referências
 Poesias: http://www.recantodasletras.com.br/ Acesso em: Agosto, 2010

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Novos blogs:

     
             reciclagemcora.blogspot.com
             eebcoraliterario.blogspot.com
             resenhascora.blogspot.com
             pensamentosalinelarissa.blogspot.com
 

         “É através da Educação e da cultura



                         que a sociedades se faz,

                     que a humanidade se constrói

                    e que a democracia se consolida.”
    

                                          
                                             (Herbert José de Souza)


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sinopse da avaliação

27ª GERED/Gestar II/2009 – Língua Portuguesa


O Programa de Formação Continuada possibilitou a inovação na prática docente, motivando os/as estudantes a participarem com entusiasmo e dedicação.
As atividades foram selecionadas, na maioria das vezes, pelo interesse dos/as estudantes, faixa etária e também, referentes aos conteúdos que estavam sendo trabalhados em sala de aula. Os TPs 3 e 6 foram utilizados com mais frequência, pois houve momentos que se retomavam alguns assuntos, como os gêneros textuais, sequências tipológicas, argumentação e reescrita de textos.
Os maiores problemas encontrados na produção dos/as alunos/as foram sobre concordância, regência e ortografia, constatando evolução neste processo de aprendizagem, através de atividades sistematizadas.
Nas estratégias de leitura, a dramatização conquistou muitos estudantes. Percebeu-se a importância do planejamento, principalmente, na organização das apresentações. E também, a contação de histórias proporcionou um excelente envolvimento com a leitura.
As atividades como as biografias, fábulas e sequências tipológicas (TP3), a escrita e seu desenvolvimento comunicativo, cartões (TP4), cadeias coesivas (TP5), textos publicitários, revisão e edição (TP6), dicionário dos/as jovens, a intertextualidade (TP1), arte e cotidiano, linguagem figurada, HQs (TP2), entre outras, foram oportunidades para discussões e trocas de experiências.
Vencer desafios em relação ao tempo para administrar os trabalhos foi um tanto angustiante, porém não desestimulador porque na medida do possível, todos/as estivemos envolvidas/os para obtermos os resultados gratificantes que conquistamos.
Os temas que mais promoveram a participação nas reflexões sobre Ampliando Nossas Referências foram os gêneros textuais: definição e funcionalidade (TP3), por que o/a aluno/a não lê? (TP4), coesão e coerência textual (TP5), auxiliando o/a estudante a editar (TP6), as questões ligadas ao ensino da gramática (TP2) e variação linguística: variantes em grau de formalismo (TP1).
E também, em relação ao ensino da língua, nos dias de hoje, é preciso inseri-lo no cotidiano, voltado para a realidade cultural e geográfica de cada um/uma. Sendo que, o planejamento é a garantia no sucesso do trabalho docente, através da elaboração de critérios, conteúdos e estratégias. Pois quem planeja domina as atividades propostas, sabe aonde quer chegar e quais os meios necessários para alcançar os seus objetivos.


Cursistas e projetos:

• nº de cursistas = 15

• total de alunos/as atendidos/as = 3 244 estudantes

• + formadora, 198 estudantes = 3 442 estudantes atendidos/as


1. Ana Cristina Wolff de Souza (Ceja – Lages)

Projeto: A interpretação sob um novo olhar

53 estudantes


2. Aurora Silva de Melo (EEB. Cel. Pinto Sombra)

Projeto: Prevenção às drogas na adolescência

710 estudantes


3. Carolina Daniel Goulart (EEB. Mauro Gonçalves Farias)

Projeto: Projeto de leitura

350 estudantes


4. Cassia Maria Correa de Oliveira (EEB. Mauro Gonçalves Farias)

Pré-projeto: A intertextualidade nas diferentes linguagens

110 estudantes


5. Daiane de F. O. L. do Vale (EEB. Godolfin Nunes de Sousa)

Projeto: Leitura, compreensão e produção textual

157 estudantes


Estéfani Zenfe (EEB. Mauro Gonçalves Farias)

DESISTENTE


6. Edna Santos Vargas  (EEB. Godolfin Nunes de Sousa)

Projeto: A leitura como requisito básico para a produção

150 estudantes


7. Michele Maciel  (EEB. Cora Batalha da Silveira)

Projeto: Estudo do Hino Nacional Brasileiro

44 estudantes


8. Mônica R. Ribeiro Lins de Souza (EEB.Rubens de Arruda Ramos)

Projeto: Projeto de leitura

360 estudantes


9. Salete Gomes Coelho (EEB. Nossa Senhora do Rosário)

Projeto: Tipos de gêneros textuais em sala de aula

350 estudantes


10. Sandra Regina Cevei (EEB. Nossa Senhora do Rosário)

Projeto: A leitura como requisito básico para a produção

60 estudantes


11. Sônia M. Schuvartz (EEB. Godolfin N. de Sousa)

Projeto: Variedade linguística x preconceito social

150 estudantes


12. Soraya L. M. Machiavelli (EEB. Aristiliano Ramos)

Projeto: Comunicação virtual, um futuro no presente

450 estudantes


13. Susana A. Detoffol  (EEB. Melvin Jones)

Projeto: Lages: 243 anos de História para contar e cantar

60 estudantes


14. Valquiria Correa de Moraes Alves de Oliveira (EEB. Mauro Gonçalves Farias)

Pré-projeto: A intertextualidade nas diferentes linguagens

240 estudantes


15. Vera Lúcia B. Furtado  (EEB. Aristiliano Ramo)

Projeto: Comunicação virtual, um futuro no presente

350 estudantes

sábado, 5 de dezembro de 2009

Avaliação: Aspectos relevantes

Diante de uma caminhada repleta de possibilidades referentes ao conjunto de propostas do Gestar II/LP, é o momento para repensarmos sobre as ações pedagógicas que garantiram o sucesso no desenvolvimento das atividades.
“Avaliar significa emitir um juízo de valor sobre a realidade que se questiona, seja a propósito das exigências de uma ação que se projetou realizar sobre ela, seja a propósito das suas consequências. Portanto, a atividade de avaliação exige critérios claros que orientem a leitura dos aspectos a serem avaliados.”
(Parâmetros Curriculares Nacionais, p.86)

Alguns questionamentos abordados na avaliação:

- Como foram selecionadas as atividades realizadas com os/as alunos/as?
- Quais os critérios para seleção dos temas a serem abordados nas aulas?
- Ao aplicar as atividades, quais as dificuldades encontradas?
- Ao corrigir os trabalhos da turma, quais foram os maiores problemas na produção dos/as alunos/as? Houve reestruturação ou reescritura?
- Nesse processo houve algum crescimento do texto do/a aluno/a?
- De que forma as teorias estudadas auxiliaram na preparação das aulas?
- Quais os “avançandos na prática” mais utilizados?
- Com relação ao Ampliando Nossas Referências, quais os temas que mais provocaram dificuldades?

Considerações importantes nas reflexões sobre a avaliação...
“No ensino da língua, interagir com a realidade do/a aluno/a, de forma que a leitura faça parte de seu
cotidiano, motiva e facilita a aprendizagem.” (Susana A. Detoffol)
“Com o Gestar II, houve uma nova forma de ensinar, desvinculando o tradicional para uma visão mais ampla dos conceitos.” (Soraya M. Machiavelli)
“As aulas foram mais prazerosas e inovadoras.” (Cassia Mª C. de Oliveira)
“Nos textos houve problemas de pontuação, ortografia, coesão e coerência, mas com certeza, através da reestruturação e reescritura, houve crescimento.” (Vera L. B. Furtado)
“Incentivei a leitura, levando vários livros para os/as alunos/as lerem e observarem os/as autores/as, bibliografias, entre outros assuntos direcionados.” (Salete G. Coelho)
“Gostei e trabalhei mais com as propostas dos TPs 6, 1 e 2.” (Valquiria C. de Moraes A. de Oliveira)
“As teorias estudadas deixaram as aulas práticas mais divertidas, ampliando e complementando meus conhecimentos.” (Mônica R.R.L. de Souza)
“As atividades foram selecionadas de acordo com o planejamento anual. Desta forma, os conteúdos programados foram trabalhados de maneira mais atrativa.” (Sonia Mª Schuvartz)
“Não encontrei dificuldades, pois na maioria das atividades os/as alunos/as demonstraram interesse ao desenvolvê-las. Talvez, a única, foi com relação ao xerox...” (Edna S. Vargas)
“Os/as alunos/as desenvolveram de forma bastante positiva as atividades, construindo assim seu próprio saber.” (Sandra R. Cevei)

O tempo é um fio
            Henriqueta Lisboa

O tempo é um fio
bastante frágil.
Um fio fino
que à toa escapa.

O tempo é um fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro
com gentileza.
com mais empenho
Franças espessas.
Malhas e redes
com mais astúcia.

O tempo é um fio
que vale muito.

Franças espessas
carregam frutos.
Malhas e redes
apanham peixes.

O tempo é um fio
por entre os dedos.
Escapa o fio,
perdeu-se o tempo.

Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa!

Mas ainda é tempo!

Soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um polo a outro,
vencei escarpas,
dormi nas moitas,
voltai com o tempo
que já se foi!...

“As coisas que queremos e parecem impossíveis
só podem ser conseguidas com uma teimosia pacífica.”
                                               Mahatma Gandhi

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Visita à E.E.B. Francisco Manfrói - 25/11/09



  As cursistas Leonete e Nadir nos convidaram para  conhecer sua escola e apresentar alguns trabalhos que estão sendo desenvolvidos.
                                A formadora Leopolda Pereira acompanhou a visita na escola.

                                                                                                                                                                              
 O Gestar II de Língua Portuguesa enriquecendo a prática docente.



A diretora Terezinha Ortiz, cursistas e formadora.



A linguagem das HQs.

domingo, 22 de novembro de 2009

Contação de Histórias

Contar histórias é uma arte milenar, presente em diferentes culturas. Embora em textos escritos antigos encontrem-se relatos e fragmentos da tradição oral, a preocupação com o registro escrito e a publicação dos contos populares é de certo modo recente. O sistema de transmissão dos contos não se fez uniformemente, assim como o processo de coleta e fixação, que variou de acordo com as diferentes motivações dos coletores e concepções de fidelidade às fontes. A questão não é simples e põe em debate o estatuto da "oratura" (ou "oralitura") em relação à literatura escrita, o jogo da subjectividade e da objectividade, as relações entre cultura erudita e popular, etc.
As coletâneas organizadas no século XIX e princípio do XX oferecem uma oportunidade de se "penetrar no universo mental dos camponeses, nos tempos do Antigo Regime", mas "o maior obstáculo é a impossibilidade de escutar as narrativas, como eram feitas pelos contadores", pois não podem "transmitir os efeitos que devem ter dado vida às histórias" - "as pausas dramáticas, as miradas maliciosas, o uso dos gestos para criar cenas" (Robert Darnton). Na passagem da palavra oral à escrita, embora se ganhe em possibilidades de permanência, perde-se "o grão da voz", como diria Roland Barthes. "Na narrativa oral, a Palavra é corpo: modulada pela voz humana, e portanto carregada de significações corporais; carregada de valor significante. Que é a voz humana senão um sopro (pneuma: espírito...) que atravessa os labirintos dos órgãos da fala, carregando as marcas cálidas de um corpo humano? A palavra oral é isto: ligação de cena e soma, de signo e corpo. A palavra narrada ganha uma inequívoca dimensão sensorial." (Adélia Bezerra de Meneses)
A função social dos contos e a importância do papel que desempenham dependem da época e do tipo de sociedade: nas sociedades tradicionais, as reuniões para ouvir e contar histórias eram práticas generalizadas e integralmente coletivas, como a dos contos à lareira dos camponeses do Antigo Regime, estudados por Darnton; Na sociedade em que vivemos, essas práticas, restritas à esfera da família e da escola, dirigem-se sobretudo às crianças. Recentemente, contudo, observa-se uma intensificação dessa atividade, e a narração de histórias vem-se expandindo significativamente, envolvendo diferentes faixas etárias e conquistando outros espaços. No Brasil, notadamente a partir da década de 90, multiplicam-se os contadores/as de histórias, que, de forma solo ou em grupos, atuam junto a um público variado e em diversos espaços, escolas, hospitais, eventos, internet...
Vale a pena ressaltar que, também nesse âmbito, evidencia-se o pioneirismo de Monteiro Lobato, ao recriar, no Sítio do Picapau Amarelo (1920-44), uma prática coletiva de leitura e contação de histórias com aspectos semelhantes a dos antigos contos de serão, em que adultos e crianças, sem distinção de sexo ou idade, participavam das reuniões.
Maria de Lourdes Soares (Docente na Universidade do Rio de Janeiro)